Ninguém Te Deve Uma Carreira
TLDR
Esse post é sobre estudo sério. O resto é consequência. Os dois pontos principais são:
- é fácil de observar que no aprendizado de qualquer coisa você atinge um nível satisfatório de conhecimento, ficando ali na média. O esforço consciente é o que vai te fazer ir além da média;
- na profissão de programador não há uma rotina formal de treino. Isso significa que só o fato de você treinar já estará fazendo algo que a maioria não faz.
Hoje só quero trazer esse gráfico sobre o qual estive pensando nesse último fim de semana enquanto lia o livro So Good They Can’t Ignore You do Cal Newport.
Nesse livro, o autor desmistifica a ideia de que você precisa seguir sua paixão para ser feliz no trabalho. Ele argumenta que o que realmente importa é o desenvolvimento de habilidades valiosas e a construção de uma carreira sólida.
Certas pessoas realmente vão ter uma inclinação maior para certas atividades, mas isso por si só não determina o sucesso na carreira. O sucesso é mais sobre o tempo de dedicação e o desenvolvimento de habilidades.
O gráfico mostra uma curva sigmoide.
Note como esse gráfico descreve bem a trajetória da maioria das pessoas em suas carreiras. Pode ser o seu caso, inclusive.
No início, há um crescimento lento, onde você está aprendendo e desenvolvendo suas habilidades. Com o tempo, esse crescimento acelera à medida que você se torna mais proficiente e confiante.
Finalmente, chega um ponto de estagnação (ou platô), onde o crescimento diminui ou até para. Uma vez nesse platô, só anos de experiência não necessariamente vão te tirar dele. É preciso um esforço consciente.
Esforço Consciente
Para toda a categoria de esporte que você imaginar, há um programa de treinamento. Os atletas estão sempre praticando com o objetivo de melhorar suas habilidades e alcançar o próximo nível.
Em Olimpíadas, por exemplo, é comum vermos atletas quebrando recordes uns dos outros (quando não quebram os seus próprios).
Isso é o natural em esportes. O atleta treina, se dedica e, com o tempo, alcança resultados melhores. Não é o caso da maioria das profissões.
A maior parte de nós, programadores, não treina. Por isso, atingimos o platô e permanecemos nele.
Ao mesmo tempo que isso pode parecer frustrante, é também uma oportunidade. Se a maioria não treina, significa que, se você decidir treinar, tem boas chances de se destacar.
Como treinar não é algo que eu vou discutir aqui. Por hora, só pense em atletas e como eles treinam. Eles:
- repetem movimentos específicos até se tornarem automáticos;
- estão sempre se aperfeiçoando em algum aspecto que pode ser melhorado;
- recebem orientação e feedback constante de treinadores e especialistas.
A esse esforço consciente você pode chamar de estudo sério ou prática deliberada. Essa é a chave para merecer uma grande carreira. Afinal, ninguém te deve uma.
Como sei se estou em um platô?
Primeiro, entenda que o platô é um fenômeno. Não é necessariamente ruim. Você vai chegar num teto de conhecimento em algum momento, é normal.
Depois de publicar esse artigo, algumas pessoas me perguntaram: mas como que eu sei que estou no platô? Sobre isso, eu formei uma teoria na minha cabeça, mesmo antes de começara escrever esse artigo.
De tempos em tempos, quem sabe anualmente, é preciso algum shift mental. Algo tem que mudar em nós para que vejamos o mundo com uma perspectiva diferente.
Pelo menos, é como eu sei que cheguei a um teto. Quando fui aprender C, fui porque já entendia o básico de programar, mas muito pouco sobre como um programa é executado.