Usar ia para produzir conteúdo sempre vai gerar polêmica. A verdade é que ninguém gosta de conteúdos gerados por IA. Chegamos ao ponto em que o uso de travessões, que eu gosto muito, é visto como um sinal de que o texto foi gerado por ia. Isso é triste, mas é a realidade.

Ninguém gosta de conteúdos gerados por IA porque eles não são bons.

Na palestra “Why your AI generated talk abstract was rejected for NDC Oslo”, o autor fala sobre o processo de revisar propostas de palestras para o evento NDC Oslo.

Ele menciona que foi lendo e lendo várias propostas e tendo um desconforto, ficando com raiva.

“… eles estão escritos em Linkedines, uma espécie de dialeto usado em posts do LinkedIn …”


IAs Generativas São Medíocres

O conteúdo produzido por IAs é que nem McDonald’s. Certamente, muitas pessoas gostam de McDonald’s, e dependendo do seu contexto ele pode ser uma boa opção. Num grupo de amigos, vocês estão indecisos sobre onde comer. Se alguém sugere McDonald’s, todos concordam. Às vezes num aeroporto, entre um voo e outro, um McDonald’s te salva.

No entanto, se decidem que querem comer algo especial, algo bem preparado, o McDonald’s nem entra em discussão.

Na produção de conteúdo, o mesmo vale. Para fazer um bom conteúdo é preciso pensar, coisa que IA nenhuma faz. Pensar é difícil e por isso requer repetição e esforço.

Assim como fast food tem seu lugar, ferramentas de IA generativa também têm seu lugar na pipeline de produção de conteúdo.

Usando IA na Produção de Conteúdo

Eu uso IAs generativas para me ajudar em todos os artigos que escrevo, tanto para esse blog quanto para o blog da Codeminer42. Também uso para escrever roteiros de workshops e palestras.

O processo é o seguinte:

EU ESCREVO O TEXTO

Faço a minha pesquisa, coloco as minhas ideias no papel (ou no arquivo markdown). Separo a escrita do texto em duas partes: escrevo o texto, coloco as ideias sem me preocupar com gramática ou fluidez.

Não me preocupo em fazer um texto perfeito logo de cara. Escrevo o texto, deixo ele “cru”.

Pense como se fosse um filme. São horas e horas de filmagem, mas o que você assiste no cinema são 2 horas de filme editado. A ordem foi modificada, cenas foram cortadas, outras foram adicionadas na pós-produção.

A ideia é a mesma. Escrevo o texto, deixo ele cru, depois volto e edito. Nessa edição eu melhoro o que encontro de errado. Corrigo gramática, removo ou adiciono parágrafos inteiros.

Essa divisão ajuda muito pois não gasto energia pensando na melhor formatação do texto enquanto escrevo.

EU USO IA PARA ME AJUDAR NA EDIÇÃO DO TEXTO

Tendo uma versão prévia do texto, faço uso de IAs generativas para me ajudar na tarefa de edição, pedindo que corrija eventuais erros que deixei passar. Peço também para melhorar a fluidez do texto e reduzir repetições.

Qual modelo usar?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares. A verdade é que não existe um modelo perfeito. Minha recomendação é que você faça os seus próprios testes.

Eu experimentei alguns modelos como Qwen3, ChatGPT-4, Kimi K2 e Kimi K2 Thinking. O que melhor funcionou para mim foi o Kimi K2, sem o Thinking.

No OpenCode, criei um agente especializado em revisão de textos. Como não tenho hardware local suficiente para rodar o Kimi K2, faço uso da infrastrutura do Ollama Cloud.

Kimi K2 tem uma performance boa a ponto de eu poder remover o Grammarly da minha pipeline de edição quando escrevo textos em inglês.

Título e Imagens

Título é das coisas mais importantes em um artigo. É o que o leitor vê primeiro e o que vai fazer ele decidir se clica ou não no link.

Eu sempre tenho minhas próprias ideias para títulos, mas peço ajuda da IA para melhorá-los. Peço sugestões de títulos alternativos e também solicito melhorias nos títulos que já tenho.

Se o blog requer imagem de capa, como é o caso do blog da Codeminer42, peço ao Kimi K2 um prompt para gerar uma imagem que combine com o título e o tema do artigo. Uso esse prompt no Nano Banana para criar a imagem.

Conclusão

Aqui vai a parte que ninguém quer ouvir: se você quer escrever, escreva de verdade.

Não existe atalho para pensamento original. Não existe IA que substitua sua voz, suas experiências, suas ideias. O que faz um texto valioso não é a ausência de erros ortográficos ou a fluidez das frases - é a autenticidade por trás de cada palavra.

Quando você escreve sobre algo que viveu, algo que estudou profundamente, algo que te transformou, isso transparece no texto. A IA pode te ajudar a polir, a organizar, a corrigir. Mas ela nunca vai ter sua voz, sua perspectiva única, sua maneira de ver o mundo.

A honestidade intelectual é rara hoje em dia. É fácil pedir pra IA gerar um texto completo e assinar seu nome embaixo. Mas qual é o valor disso? Você está traindo quem lê e, principalmente, está traindo a si mesmo.

Escreva seus textos. Seja honesto. Use IA como ferramenta, não como mágica.